Pesquisadores do IFSP estão participando de uma equipe multidisciplinar articulada por profissionais da Escola Politécnica (Poli) da USP, que desenvolveu o projeto de um ventilador pulmonar emergencial para suprir a possível demanda do aparelho hospitalar devido à pandemia do Covid-19, o INSPIRE. A equipe envolve pesquisadores com ampla experiência nas áreas de engenharia biomédica, mecânica, mecatrônica, energia, eletrônica e de produção, além de experiência em prototipagem e testes de aparelhos utilizados na medicina.
Entre os membros da equipe desenvolvedora estão os professores do Câmpus Sorocaba André Martins e Sérgio Shimura, o diretor-geral, Denilson Mirim, e o aluno de iniciação científica, Anderson Blank. De acordo com Denilson, os pesquisadores do IFSP trabalharam principalmente para estabelecer a interface homem-máquina, na parte de programação em linguagem C, e a sua integração com o display touch screen do protótipo.
O protótipo INSPIRE é um ventilador pulmonar aberto de baixo custo, produzido totalmente com tecnologia nacional, que se utiliza de componentes amplamente disponíveis no mercado brasileiro. O desenvolvimento de protótipo está concluído, embora continue em constante aprimoramento.
Segundo Denilson, a equipe do Câmpus Sorocaba entregou nesta segunda (27) dois aparelhos na sua última versão. A partir de agora, o protótipo somente receberá modificações incrementais. “O IFSP ainda está participando desta etapa, incluindo novas funcionalidades que irão compor a versão final do Inspire. Posteriormente vamos participar do acompanhamento das fases de manufatura e testes”, contou.
De acordo com comunicado lançado pela equipe do projeto, nos dias 17, 18 e 19 de abril foram realizados estudos com quatro pacientes, nas dependências do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP. Segundo o documento, o INSPIRE foi considerado aprovado neste estudo, inclusive no modo assistido controlado por pressão, sem nenhuma intercorrência. O respirador ainda precisa ser aprovado pelos órgãos de validação da área da saúde, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para poder ser fabricado. De acordo com a equipe desenvolvedora, o respirador deverá custar 15 vezes menos que o modelo mais barato do mercado.
O professor Denilson ressaltou a importância de participar do desenvolvimento de uma solução tão necessária neste momento. Segundo ele, a sociedade passa por uma situação sem precedentes, tanto do ponto de vista da pandemia quanto por uma tentativa de negação da ciência jamais vista antes. “Nós, professores-pesquisadores, vemos neste contexto a oportunidade de contribuir com a sociedade em uma solução que poderá salvar vidas e também reafirmar o valor da ciência e das instituições públicas de ensino, que têm sido alvo da negação de sua importância para construção de um a sociedade mais justa e de oportunidades para nossa juventude, que será o futuro do nosso país”, afirmou.
Fonte: IFSP